Autonomous Feminist Front of Anti-colonial Fight and the "Abusive Indigenist"

(O texto em português se encontra abaixo desse artigo)

This article explores the fight of Brazilian indigenous women against colonialism and sexism and the new campaign, The Abusive Indigenist, which refers to men who pose as supporters but use their power to oppress indigenous women.

By Frente FALA, an alliance of women, many of them radical feminists, with the anti-colonial fight of Brazilian indigenous women.

Patriarchy is at the heart of the long and perverse history of colonialism and capitalism in Abya Yala*. This colonizing and capitalist system has brutally violated the bodies and territories of women from these lands for more than 520 years. The faces of this violence are many and so are the aggressors. They go from the State and its policy of death on the bodies of women; the capital and its predatory and exploitative model; the captaincy instituted in Indigenous Reserves as a State policy during the military dictatorship; the violence of the churches and their integrationist regime and aggressivity against women; landowners and "coronelismo" - 'colonels', wealthy men using violence towards the humble. In many cases, it is disguised under the mantle of the “supportive indigenist”, so that these violators, supported by the power that the colonialist patriarchy confers on them, approach and gain the trust of indigenous collectives, so that they can exploit, abuse, commit violence and criminalize indigenous women.

These abusive indigenists present themselves as academic researchers, as missionaries of churches, as teachers and coordinators of courses at Intercultural Indigenous Colleges, as servants of FUNAI (Brazil's greatest organization for indigenous people's rights), using the State and the Church to perpetuate their violating practices.

In December 2020, the Movement for the Mutual Support of Women began to strengthen against the struggle of indigenous women with the creation of a manifesto letter against Professor Neimar, from the Intercultural Indigenous Faculty (FAIND / UFGD). The manifesto was born in support of the Great Assembly of Kunhague Aty Guasu of women Kaiowá Guaraní who, throughout the presentation of the partial report of the map of violence against women Kaiowá and Guarani, denounced the persecutions and violations of the abusive indigenous teacher, as well as the neglect by the public authorities with their case. At that moment, it became evident that there, a woman, an academic, an indigenous leader, was fighting alone against the whole situation of invisibility, aggression and abuse that she and all indigenous women suffer.

The manifesto attracted the attention of the world and was signed by more than 50 feminist collectives, personalities and bodies linked to human rights. In order to continue this strengthening of anti-colonial struggles, the need arose to organize ourselves in a wide national front of combat and denunciation of all forms of violence against indigenous women, from all over Brazil, in a legitimate and urgent struggle against modern colonialism, which uses Patriarchal and capitalist tools to continue dominating, assaulting and colonizing indigenous female bodies.

The #OIndigenistaAbusador Campaign is the first action of the Frente FALA that also emerges as a manifesto of denunciation in the face of the collusion of institutions with women abusers, who remain untouched in their zones of privileges and positions of power, even after being denounced. In this sense, the Movement for the Liberation of Women understands the urgency of joining efforts in support and defence against the struggle of Indigenous Women, adding energies and forces in the Campaign “The Abusive Indigenist”, which is born as a cry of revolt and historical indignation in the face of violence against women, whose purpose is to denounce the violence perpetrated by those who claim to be supporters, but in fact are violators, using the prestige gained through institutions to consummate their abusive practices. Finally, we highlight our solidarity with the anti-colonial struggle of the Ancestral movement of indigenous women and, with that, call for the solidarity of all women, emphasizing the importance of strengthening the support network among the Women's Movements in a broad scope. Therefore, we join the speech of a great Kaiowá warrior: “We must unite with one another, guided by these guardians who lead us back to earth. Only in this way will we be able to conquer our future, together with all the peoples who fight so that the planet earth can still breathe ”(Veron, 2018, p. 17).Sincerely, Frente FALA (Frente FEMINISTA AUTÔNOMA DE LUTAS ANTICOLONIAIS, Autonomous Feminist Front of Anticolonial Fight).

#OIndigenistaAbusador

 

*Abya Yala, which in the Guna language means "land in its full maturity" or "land of vital blood", is the name used by the Native American nation Guna people, that inhabit near the Darién Gap (today North West Colombia and South East Panama) to refer to their section of the American continent since Pre-Columbian times.[1] The term is used by some indigenous peoples of North and South America to describe the two continents (Wikipedia).


 Frente Feminista Autônoma de Lutas anticolonais e a campanha #OIndigenistaAbusador

O patriarcado é o cerne de toda a longa e perversa história do colonialismo e do capitalismo na Abya Yala. Esse sistema colonizador e capitalista tem violado brutalmente os corpos e territórios das mulheres originárias destas terras há mais de 520 anos. 

As faces dessa violência são muitas e seus agressores também o são, vão desde o Estado e sua política de morte sobre os corpos das mulheres; o capital e seu modelo predatório e explorador; a capitania instituída em Reservas Indígenas como política do Estado durante a ditadura miliar; a violência das igrejas e seu regime integracionista e agressor de mulheres; os latifundiários e o coronelismo.

Muitas das vezes, isso está disfarçado sob o manto do “indigenista apoiador”, de forma que esses violadores, amparados pelo poder que o patriarcado colonialista lhes confere, se aproximam e conquistam a confiança de coletividades indígenas, para que possam explorar, abusar, violentar e criminalizar mulheres indígenas. Esses indigenistas abusadores se apresentam como acadêmicos pesquisadores, como missionários de igrejas, como professores e coordenadores de cursos de Faculdades Interculturais Indígenas, como servidores da FUNAI, usando o Estado e a Igreja para perpetuarem suas práticas violentadoras.

Em Dezembro de 2020, o Movimento de apoio mútuo de mulheres iniciou o fortalecimento da luta da mulher indígena com a criação de uma carta manifesto contra o Professor Neimar, da Faculdade Intercultural Indígena ( FAIND/UFGD). O manifesto nasceu em apoio à Grande Assembléia de  Kunhague Aty Guasu de mulheres Kaiowá Guaraní, que ao longo da apresentação do Relatório parcial do mapa da violência contra a mulher Kaiowá e Guarani, denunciou as perseguições e violações do professor indigenista abusador, assim como o descaso do poder público com seu caso. Naquele momento, ficou evidente que ali uma mulher, acadêmica, líder indígena, lutava sozinha contra toda a situação de invisibilidade, agressão e abuso que ela e todas as mulheres indígenas sofrem.

O manifesto atraiu a atenção do mundo e contou com a assinatura de mais de 50 coletivas feministas, personalidades e órgãos ligados ao direitos humanos.

Para dar continuidade a esse fortalecer das lutas Anticoloniais, nasceu a necessidade de nos organizarmos em uma ampla frente nacional de combate e denúncia a todas as formas de violência contra as mulheres indígenas, de todo o Brasil, em uma luta legítima e urgente contra o colonialismo moderno, que se serve das ferramentas Patriarcais e capitalistas para seguir dominando, agredindo e colonizando corpos femininos indígenas.

A Campanha #OindigenistaAbusador é a primeira ação da Frente FALA, que emerge também como manifesto de denúncia frente a conivência das instituições com os abusadores das mulheres, os quais permanecem intocados em suas zonas de privilégios e cargos de poder, mesmo após serem denunciados.

Nesse sentido, o Movimento pela Libertação das Mulheres compreende a urgência de somarmos esforços em apoio e defesa à luta das Mulheres Indígenas somando energias e forças na Campanha “O Indigenista Abusador”, que nasce como um grito de revolta e indignação histórica frente a violência contra as mulheres, e que tem como propósito denunciar as violências perpetuadas por esses que se dizem apoiadores, mas na verdade são violadores, usando o prestígio conquistado por meio das instituições para consumar suas práticas abusivas.

Por fim destacamos nossa solidariedade à luta anticolonial do movimento Ancestral de Mulheres indígenas e com isso convocar a solidariedade de todas as mulheres, ressaltando a importância do fortalecimento da rede de apoio entre os Movimentos de Mulheres em âmbito amplo. Nesse sentido, nos unimos à fala de uma grande guerreira Kaiowá:

“Devemos nos unir uns aos outros, guiados por esses guardiões que nos conduzem de volta à terra. Somente assim poderemos conquistar nosso futuro, junto com todos os povos que lutam para que o planeta terra possa ainda respirar” (Veron, 2018, p. 17).

Atenciosamente,

Frente FALA

BlogJ SteinGlobal